segunda-feira, 12 de julho de 2010

"Seguir-Te-ei para onde quer que fores" - um comentário

Olá amigos!
Partilho convosco um texto, que encontrei no Jornal Voz da Verdade. Espero que seja ponto de partida para reflexão para os tempos que se aproximam.

"Numa época de crise como aquela que vivemos, muitos cristãos perguntam-se: onde estão os valores que nos dão segurança ou os critérios que permitem ter certezas nas nossas opções de vida? Como podemos estar seguros que os caminhos que seguimos são aqueles que Jesus nos propõe, quando até a grandes instituições, como a Igreja, parece que vacilam perante a avalanche de incógnitas e de nuvens densas que cobrem o horizonte?

É verdade que todos corremos atrás de certezas e dificilmente nos predispomos a assumir um cristianismo de seguimento, de desafio, de voltar a uma espiritualidade de busca e inquietação. (...) A verdadeira atitude cristã não consiste em sermos senhores de certezas, mas antes peregrinos de busca, sempre em demanda desse encontro íntimo e profundo com o Senhor.

Essencialmente, o cristão deve procurar configurar a sua vida nesta dinâmica do seguimento, resistindo à tentação de se deixar acomodar por outros interesses ou dimensões da vida que lhe possam oferecer segurança religiosa ou matar em si a sede de infinito que deve nortear a sua caminhada.
A conciliação destas duas dimensões, aparentemente justas e razoáveis, foi prontamente rejeitada por Jesus em relação àqueles que pertendiam segui-Lo. De facto, o espírito do Evangelho e as respostas que Jesus (...)são uma clara recusa dessa pretensa conciliação, mostrando pelo contrário que Jesus intrepela à rutura.

Há décadas atrás, um notável teólogo alemão, J.B. Metz, falava de dois conceitos que me parecem bem adequados para o nosso tempo, apesar deles terem sido formulados num quadro cultural e social diverso do nosso. Tais conceitos em confronto eram, no dizer de Metz: 'uma religião de consumo aburguesada' e um 'cristianismo de seguimento'.

[O grande desafio] consiste ao regresso a essa espiritualidade do seguimento, de um seguimento que nunca é repetição nem se deixa ficar pelas marcas do tempo. É que seguir Jesus não significa 'fugir' ou regressar a um passado já morto ou deixar-se ficar a contemplar os ecos bonitos do passado, quando os desafios imperativos do presente exigem um novo movimento, um novo impulso.

Há que ter a coragem de assumir a frontalidade de Jesus, pois é aí que está o encanto da descoberta plena do rosto de Deus. (...)

Precisamos de encontrar a brisa suave que nos deixa as marcas do absoluto de Deus e que nos convida a sair da nossa gruta para deixar que a presença de Deus nos faça continuar a caminhada, sempre com o mesmo encanto e disponibilidade de que Elias é testemunho.

Pela palavra de Jesus sabemos que este 'seguimento' não consiste em apropriar-nos de um conjunto qualquer de ideias, por mais belas e entusiasmantes que sejam; nem em fazermos grupo com outros que partilham os mesmos ideiais, embora isso possa ser bom. Seguir Jesus, pelo contrário, é deixar tudo para nos disponibilizarmos inteiramente para o 'Reino de Deus'. (...)

Por isso, importa que não nos deixemos 'domesticar' por uma sociedade de superficialidades que, parecendo inócuas, acabam por matar este desejo de seguir e de ir com Ele, pois 'só aquele que lança a mão ao arado e não olha para trás é que está apto para o Reino de Deus' (Lc 9, 62). "



Comentário de P. João Lourenço, à liturgia do 13º Domingo do Tempo Comum
27 de Junho de 2010

Beijinhos*:)